A principal problemática deste projeto é a de q...a principal problemática deste projeto é a de que o feminismo tem sido um conflito social importante na sociedade brasileira, que se consolidou especialmente na sua interação com grupos de esquerda durante o período da ditadura (1964-1985) e que, neste período, trouxe significativas mudanças sociais. partimos assim de uma concepção de conflito social que abrange não somente as lutas por condições materiais de existência e lutas políticas no sentido tradicional, mas também lutas por mudanças culturais e lutas contra hierarquias e preconceitos, no caso especialmente os construídos a partir do gênero. assim, nosso objetivo é analisar o feminismo percebendo a especificidade da sua constituição enquanto movimento social e conjunto de ideias no brasil no período da ditadura civil-militar e suas interfaces com as organizações e movimentos de enfrentamento da ditadura: partidos, organizações armadas, movimentos de familiares de presos e desaparecidos, grupos de exiladas/os, entre outros movimentos. para isso pretendemos realizar a pesquisa em vários tipos de fontes documentais que incluem: entrevistas orais, livros de memórias e autobiográficos, periódicos feministas, imprensa alternativa com posicionamento de esquerda, imprensa tradicional e documentos dos arquivos da repressão. a pesquisa irá problematizar a história do feminismo chamado “de segunda onda” no brasil, nos anos da ditadura, investigando como as mulheres que protagonizaram essas lutas estiveram ligadas a movimentos e grupos da esquerda e da resistência de maneira ampla, buscando dados quantitativos e qualitativos sobre essa interação e analisando as trajetórias pessoais e políticas de mulheres e de grupos de mulheres, na sua construção enquanto feministas. partindo destas trajetórias, buscaremos a atuação destas mulheres em diferentes espaços políticos, culturais e institucionais, procurando entender como se tornaram feministas, isto é, em que lugar social elas estavam quando puderam enunciar sua revolta frente às limitações que sofriam “por serem mulheres” e quando criaram algum espaço de enunciação coletiva para essa revolta através de jornais, grupos, manifestos, reuniões, grupos de consciência, grupos de estudos, entre outros. nossa proposta defende ainda uma vontade também política: as lutas feministas ainda não terminaram. se hoje temos espaços e direitos profissionais, sociais, políticos e culturais muito significativos, conquistados por estas mulheres de luta, a desigualdade de gênero marca ainda de forma muito importante a sociedade brasileira, como comprovam as estatísticas sobre renda, violência e participação na política. a perspectiva desta pesquisa, levando em conta os debates das teorias feministas e de gênero é, assim, necessariamente interdisciplinar, e conta com uma equipe formada por historiadoras, jornalistas e psicólogas. várias das pesquisadoras envolvidas na equipe atuam em programas de pós-graduação disciplinares (história, comunicação social) e interdisciplinares (interdisciplinar em ciências humanas). a equipe abrange três instituições principais no brasil (ufsc, ufc e uepg), além de contar com pesquisadoras de outras instituições internacionais (university of nottingham – inglaterra e université de rennes – frança).