Esta dissertação parte do convívio com dois moradores do elevado joão goulart, o minhocão, no centro de são paulo, para acompanhar a forma com que eles se relacionam com a habitação e com os artefatos. o estudo se apoia em algumas noções do antropólogo britânico tim ingold (2015) para refletir sobre como os moradores do minhocão estão engajados de forma ampla e íntima ao ambiente transformando-o, agenciando novos sentidos dos materiais, criando novas sociabilidades entre si e com a região e afirmando sua permanência no elevado. através da observação participante e da etnografia são destacadas as táticas cotidianas e inventivas dos moradores, que, em alguns graus distantes de concepções passivas da habitação, desafiam as lógicas coloniais e ditatoriais que intimidam e ameaçam as pessoas em situação de rua sob o elevado e no centro da cidade. sugiro que ao agenciar as propriedades dos materiais por meio do uso intenso que fazem deles, os moradores do minhocão acionam uma outra condição de proprietários de parte da estrutura do elevado.