A potencialidade de reúso agrícola de excretas humanas vem sendo reconhecida mundialmente como uma questão de sustentabilidade ambiental. salienta-se que há a necessidade de produção de um material estável aliada à inativação de patógenos, sendo estes os principais fatores que balizam as possibilidades de reúso. o objetivo desta tese foi caracterizar as excretas humanas para avaliar seu potencial de reúso e avaliar processos para estabilização e inativação de patógenos, visando à produção de materiais seguros para o reúso agrícola juntamente com o melhoramento de uma tecnologia de saneamento já amplamente difundida, os banheiros secos, no entanto com fragilidades quanto à segurança sanitária promovida. foi estabelecido o potencial de reúso agrícola das fezes e urina humanas por meio da caracterização quali-quantitativa das mesmas, in natura e após tratamento. foi também avaliado o sistema de armazenamento da urina humana, e estudados tratamentos para estabilização e inativação de patógenos nas fezes humanas. a combinação de uma série de fatores foram estudados no tratamento das fezes, como: ph, secagem, concentração de amônia não ionizada e concentração de íons carbonato como co 2-. a variação destes parâmetros foi obtida a partir da adição de materiais às fezes, que foram: folhas secas, cinzas (cz), conchas de ostras (co) e uréia (u). como principais resultados, a produção anual de fezes e urina de uma pessoa adulta foi de 47 kg e 549 l, respectivamente. após os processos de tratamento a urina apresentou: 2,5% c e 6,8/0,5/1,8/0,5% npks; e as fezes: 7,4% c e 0,8/2,3/1,6/0,5% npks. o armazenamento da urina sem diluição mostrou ser um sistema eficiente onde ocorreu a hidrólise da uréia, sem perdas significativas de nitrogênio amoniacal e fósforo. para o tratamento das fezes quatro alternativas podem ser destacadas: 150%co:cz (1:1) e u (0,5%), com ou sem ventilação; 150% co:cz (1:1), com ventilação; estas duas opções foram eficientes na inativação de enterococcus faecalis, salmonella typhimurium, Φx e ms2. para inativação de 10 unidades log dos microorganismos citados, de acordo com os modelos determinados com os dados experimentais os tempos de tratamento seriam de: 179 dias para cz:co+u (com ventilação), 119 dias para cz:co+u (sem ventilação) e 181 dias para cz:co. as outras duas alternativas que se destacaram foram: 150% cz:co (1:1) e u (1%); e 150% co e u (1%), ambas com ventilação. estes tratamentos devem ser preferidos se houver o risco da presença de ovos de ascaris. a concentração de íons carbonato foi identificada como um fator importante na inativação dos ovos. para inativação de 3 unidades log, os tempos de tratamento seriam de: 177 dias para cz:co+1%u e 162 dias para co+1%u. além da inativação dos patógenos os tratamentos citados produziram um material com reduzida umidade, sem odor agressivo e boa mineralização.