Esta dissertação trata de como o aumento do consumo do automóvel acaba por trazer impactos nas formas de infâncias vividas na grande florianópolis. os trabalhos de john urry e mimi sheller apontam como o automóvel modificou as relações de tempo e espaço no século xx, trazendo modificações substanciais para a nossa vida social e para o espaço público, fazendo com que boa parte da população tenha uma aproximação com a cidade de uma maneira automobilizada, mediada pelo automóvel. logo, crianças que passam boa parte do tempo dentro de automóveis vivem uma nova forma de aprendizado e experiência da realidade urbana florianopolitana - realidade cercada de conflitos e disputas pelo espaço da cidade, refletindo no cotidiano dos habitantes da ilha, do continente e da região metropolitana -, assim como convivem com novas formas de relacionamentos familiares e sociais vivenciadas dentro dos veículos. a pesquisa empírica se deu com 9 crianças moradoras das cidades de florianópolis, são josé e biguaçu de cinco até sete anos e meio de idade, que têm como principal meio de transporte o automóvel particular e foi organizada a partir de relatos das mesmas sobre sua rotina e percepções sobre sua mobilidade cotidiana. no final, foram agrupados e analisados os seguintes temas: a relação das mesmas com o espaço interno e externo dos carros; as falas sobre cuidado, segurança e autonomia; os gostos e conhecimento sobre automóveis; as diferenças entre andar de carro com pais e mães; as outras formas de mobilidade e suas experimentações; o ideário da necessidade do uso dos automóveis pelas crianças; as percepções sobre a cadeirinha de segurança; e as sensações sentidas em diferentes velocidades dentro dos automóveis. levando a uma análise conclusiva que indica não somente a ausência destas crianças nas ruas e calçadas, mas uma organização cotidiana e reprodução familiar que demanda tanto a utilização do automóvel como e para consumo e a matrícula em atividades em locais distantes, que contribuem com as dificuldades de mobilidade existentes e a perpetuação de uma lógica subjetiva da necessidade do automóvel nas novas gerações em determinadas classes e frações sociais.