O relacionamento das pessoas com seus artefatos suscita uma série de emoções, tanto negativas quanto positivas e depende dos significados que lhe são atribuídos. neste cenário se coloca a presente pesquisa, abordando os aspectos emocionais que envolvem a relação das pessoas com seus artefatos, sob as perspectivas do design e da ergonomia. são focados os estudos dos vínculos afetivos construídos entre as pessoas e seus artefatos, mais especificamente aqueles ligados à memória afetiva, que podem contribuir na extensão de vida dos artefatos. espaços domésticos de maior convívio social - salas, cozinhas, copas, e áreas de churrasqueiras - foram selecionados para ambientar a pesquisa, juntamente com os artefatos presentes na vida cotidiana. a relação das pessoas com seus móveis e artefatos faz parte de uma cultura doméstica ou familiar, a qual foi possível investigar por meio de uma perspectiva etnográfica. mais especificamente, foram utilizados recursos da etnosemântica. o método é baseado em entrevistas para planejar e realizar um estudo de campo. as técnicas utilizadas na presente pesquisa foram entrevistas em profundidade e observação. a análise dos dados a partir de categorizações e de temas que emergiram durante a pesquisa permitiu compreender algumas preferências, satisfações/insatisfações, hábitos e costumes relacionados à interação das pessoas com seus artefatos. mesmo sendo observadas similaridades, ressaltam-se as experiências individuais, as memórias familiares e a história pessoal dos(as) informantes, que alteram e ressignificam dinamicamente a maneira como as pessoas interagem e se vinculam com os artefatos. os principais vínculos afetivos identificados no estudo de campo se referem de alguma maneira, a memórias afetivas de experiências de vida associadas a certos artefatos domésticos. um modelo do percurso do artefato doméstico foi elaborado para a verificação dos momentos memoráveis da vida das pessoas inscritos em seus artefatos. em todas as fases do percurso foram verificadas estratégias visando a retardar a tomada de decisão para o descarte e a prolongar a vida de artefatos de memória. quando um artefato de memória, depois de estocado por certo período ou quando é repassado para outras pessoas e volta a ser utilizado, entende-se que seu percurso pode operar em loopings, fazendo com que seja dado um novo início ao ciclo.