
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Ciências Agrárias
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Não calculada
Tipo do Documento: Tese
Título: O MANEJO TRADICIONAL DE ROÇA ITINERANTE EM FLORESTAS SECUNDÁRIAS: UM SISTEMA QUE CONSERVA A BIODIVERSIDADE?
Orientador
- ALFREDO CELSO FANTINI
Aluno
- NICOLE RODRIGUES VICENTE
Conteúdo
As florestas tropicais são ecossistemas dinâmicos que provém recursos de fundamental importância para a sociedade. no entanto sua exploração intensiva e sua conversão em diversos usos da terra têmpromovido perda de sua biodiversidade e funcionalidade. unidades de conservação integral não são a única estratégia para conservação destes recursos, a qual pode se dar também por meio do seu uso sustentável. a principal premissa desse estudo é que a continuidade do uso das florestas nativas é também uma estratégia para poder conservá-las. pressupõe-se que as populações locais que praticam tradicionalmente sistemas itinerantes de agricultura manejam o meio ambiente e criam paisagens antrópicas compostas por mosaicos de vegetação em diversos estágios de desenvolvimento de forma a promover sua diversidade. esta pesquisa foi desenvolvida no município de biguaçu-sc, litoral de santa catarina, onde agricultores familiares tem manejado as florestas secundárias de forma tradicional por meio da agricultura itinerante durante séculos. o objetivo do estudo foi analisar a contribuição do manejo de roça itinerante na conservação da biodiversidade florestal, dentro das pequenas propriedades rurais, de acordo com sua estrutura multidimensional (ecológica, etnoecológica e histórica). utilizou-se de métodos etnográficos (entrevistas, análise histórica, turnês-guiadas, observações participantes e listagem-livre) para acessar informações sobre as mudanças do sistema no tempo e o conhecimento associado ao manejo das florestas, bem como da contribuição dos indivíduos para o sistema de conhecimento local. para análise das florestas manejadas utilizou-se de métodos da ciência florestal (inventários florestais), da botânica (inventário florístico) e da ecologia (análise da biodiversidade) para conhecer e caracterizar a estrutura, a composição e a diversidade dessas áreas para cinco diferentes categorias de estoques florestais: a) floresta nativa em dois estágios distintos de regeneração (médio e avançado); b) áreas de roça em mata nativa e em bracatingais; e c) plantios de eucalipto. os resultados mostram que o sistema praticado pela população local utiliza-se de curtos períodos de cultivo agrícola (de 2 a 4 anos) com longos períodos de pousio florestal (de 10 a 15 anos), é composto por diversos elementos da agrobiodiversidade, onde a mandioca atualmente tem maior expressão. este sistema é resultado do sistema de conhecimento ecológico construído por gerações, sendo percebido como um modo de vida local. mudanças ocorridas ao longo xiiidas últimas quatro décadas têm potencializado a diminuição do uso das florestas nativas e a expansão do cultivo florestal exótico. ainda assim, a população local apresenta rico conhecimento sobre a diversidade das florestas nativas e cada indivíduo contribui de forma diferente para o sistema de conhecimento ecológico. no sistema de conhecimento local os estágio de regeneração florestal são classificados como: capoeira, capoeirão e mato; e cada estágio é reconhecido de acordo com sua composição florística, altura dominante e período de regeneração. as florestas manejadas apresentaram estrutura compatível com as florestas secundárias em regeneração comparadas com a literatura e apresentaram alta diversidade na paisagem. as áreas de roça em floresta nativa apresentaram maior diversidade verdadeira de shannon (20,5) e cada estoque florestal contribuiu diferentemente para a riqueza de espécies na localidade, sendo as áreas de floresta nativa em estágio avançado as de maior diversidade na paisagem (? = 4,2) e as áreas de bracatinga as mais homogêneas (? = 1,4). as mudanças sócio-políticas e econômicas, como a legislação ambiental para uso de florestas nativas e a legislação sanitária para processamento de produtos vegetais, influenciaram as práticas de condução da roça e as atividades associadas ao manejo, de forma que as limitações para a continuidade do sistema ainda estão condicionadas pelos caminhos burocráticos de licenciamento da atividade. conclui-se que o sistema praticado promove a aceleração da regeneração da floresta de forma mais intensa do que aconteceria naturalmente sem intervenção dos agricultores, demonstrando que a manutenção das práticas tradicionais de manejo itinerante é uma das alternativas viáveis para manutenção da cobertura florestal nas pequenas propriedades rurais. assim, o sistema praticado pode estar promovendo a domesticação da paisagem, havendo por conseguinte a necessidade do enquadramento das florestas manejadas em categorias diferentes de como são consideradas pela legislação ambiental como naturais. isso implica na contribuição do sistema itinerante para a conservação dessas florestas numa paisagem dinâmica e diversificada, sendo o componente florestal a principal matriz e o sistema de conhecimento ecológico uma ferramenta importante para compreensão das realidades ecológicas e sociológicas locais.
Pós-processamento: Índice de Shannon: 0.0806713
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ODS Predominates


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