
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Comunicação e Expressão
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Social
Tipo do Documento: Tese
Título: VER, PENSAR E ESCREVER (COMO) UM ANIMAL
Orientador
- SERGIO LUIZ RODRIGUES MEDEIROS
Aluno
- RAQUEL WANDELLI LOTH
Conteúdo
Ver, pensar e escrever (com) o outro inumano é postular um pensamento em crise, no qual o homem não é mais a origem nem o fim. a literatura que evidencia essa crise e o seu diálogo com perspectivas antropológicas, estéticas e filosóficas não-antropocêntricas compõem o campo de análise provocado pela questão: pode a máquina literária (deleuze) deter a máquina antropocêntrica (agamben)? o percurso por uma rede de narradores de diferentes épocas busca um traço de animalidade no olhar e na escrita flâneur, desde que restif de la bretonne propôs, no século xviii, a associação entre o repórter/narrador e o modo de uma ave noturna de enxergar as zonas de sombra das cidades. a constituição da categoria do narrador-coruja orienta uma cartografia denominada narrativas do escuro, que percorre diversas textualidades com a tarefa de testemunhar o desaparecimento dos povos humanos/inumanos diante dos olhos do contemporâneo (didi-huberman). a análise da relação privilegiada entre a escritura e o devir-animal e vegetal (deleuze) sustenta a postulação do desaparecimento do autor (barthes, foucault) e do sem-sujeito derridiano como um lugar profícuo para a abertura ao outro inumano (lyotard). essa experiência é observada em uma rede de escrituras que salientam o inumano, sobretudo em clarice lispector, onde a instauração do it como uma pronominalidade neutra se conecta ao sentido de humanidade-todos dos povos ameríndios. o animal aparece não só como temática, mas principalmente como método, linguagem, perspectiva e plano de composição. além dos romances clássicos da autora, a análise busca narrativas menos visitadas pela crítica literária, a exemplo do conto a menor mulher do mundo e das lendas indígenas brasileiras reunidas e recontadas no livro/calendário como nasceram as estrelas. a pesquisa aprecia o desencadeamento dos devires involutivos e minoritários e o modo fabular de narrativa, que reenvia para o mito da indiscernibilidade entre homens e animais. também estabelece pontos de contato entre perspectivismo nietzschiano e perspectivismo ameríndio, xamanismo, antropofagia e etnologia da arte africana na análise do impacto entre corpos humanos e animais no corpo da escritura. finalmente, postula, com lyotard, a construção de uma sintaxe do inumano que opera no esgarçamento dos limites da linguagem e a liberta do modo frásico em que o sujeito é, desde sempre, dono do enunciado. buscando transpor o mutismo inumano que se contrapõe como silêncio eloquente ao surdismo humano, essas narrativas remontam ao mito da indiscernibilidade entre homens e animais. participam, dessa forma, da postulação de uma literatura do constrangimento que afirma, com benjamin e lévi-strauss, um inconformismo político e estético em relação à incomunicabilidade entre os seres humanos, a natureza e as coisas.
Pós-processamento: Índice de Shannon: 3.97657
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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4,90% | 6,41% | 9,61% | 5,84% | 6,73% | 5,14% | 6,04% | 7,97% | 6,43% | 5,62% | 6,88% | 5,68% | 5,39% | 6,71% | 5,04% | 5,60% |
ODS Predominates


4,90%

6,41%

9,61%

5,84%

6,73%

5,14%

6,04%

7,97%

6,43%

5,62%

6,88%

5,68%

5,39%

6,71%

5,04%

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