
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ecologia
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Não calculada
Tipo do Documento: Tese
Título: INVASÃO POR HOVENIA DULCIS THUNB. (RHAMNACEAE) NAS FLORESTAS DO RIO URUGUAI: ASPECTOS ECOLÓGICOS E DIRETRIZES PARA O MANEJO
Ano: 2015
Orientador
- TANIA TARABINI CASTELLANI
Aluno
- MICHELE DE SA DECHOUM
Conteúdo
Espécies exóticas invasoras podem provocar impactos ambientais e econômicos substanciais, sendo atualmente consideradas uma das maiores ameaças à diversidade biológica em escala mundial. invasões por plantas ocorrem como resultado da combinação de características biológicas e ecológicas das espécies introduzidas, de condições bióticas e abióticas do ambiente nos quais as espécies chegaram, e da pressão de propágulos, tanto com relação ao número do número de eventos de introdução, quanto do número e diversidade genética dos propágulos introduzidos. ecossistemas com menor diversidade biológica e maiores intensidade e frequência de distúrbios são usualmente mais invadidos do que aqueles com baixos níveis de perturbação e maior diversidade. hovenia dulcis, popularmente conhecida como uva-do-japão, é uma espécie arbórea decídua e zoocórica, nativa do leste asiático, descrita em literatura como espécie pioneira. foi introduzida e mais intensamente cultivada no oeste de santa catarina a partir da década de 1980, quando agroindústrias da região fomentaram seu uso em granjas de suínos e aves. a espécie pode dispersar-se além de suas áreas de cultivo, encontrando-se amplamente distribuída em florestas no estado de santa catarina, chegando a ser a espécie mais importante no componente arbóreo-arbustivo. pode alterar a estrutura e a composição de espécies em comunidades vegetais florestais no sul do brasil. o objetivo geral desta tese foi investigar fatores-chave da ecologia de invasão pela espécie exótica hovenia dulcis em florestas estacionais deciduais de santa catarina, com vistas a fornecer diretrizes para o manejo da espécie. para tanto, três diferentes estudos foram realizados entre 2011 e 2014, no parque estadual fritz plaumann, concórdia (sc), onde a paisagem é composta por fragmentos de floresta estacional decidual em diferentes estágios sucessionais. para o primeiro estudo, realizado entre julho de 2010 e janeiro de 2011, parcelas foram estabelecidas em vegetação aberta, semiaberta e fechada em diferentes fragmentos, correspondentes a três estágios em um gradiente sucessional, em áreas com e sem h. dulcis. todos os indivíduos com dap (diâmetro à altura do peito) maior do que 5cm foram identificados e classificados em grupos funcionais, estabelecidos com base na síndrome de dispersão, estratégia de regeneração, estratificação vertical e fenologia foliar. a idade dos indivíduos de h. dulcis amostrados foi estimada a partir da contagem de anéis de crescimento de árvores cortadas. observando-se premissas gerais de invasões biológicas e características ecológicas da espécie, foi construída a hipótese de que o estabelecimento e o sucesso de invasão por h. dulcis seriam maiores em estágios sucessionais iniciais, com maior disponibilidade de recursos, e baixas riqueza e diversidade de espécies, assim como diversidade funcional. uma maior densidade de árvores adultas foi observada em áreas que hoje estão em estágio intermediário de sucessão, mas a espécie é capaz de colonizar áreas em estágio inicial e de persistir em comunidades vegetais em estágio avançado. o processo de colonização pela espécie aconteceu entre 10 a 15 anos atrás em florestas que atualmente estão em estágio sucessional intermediário, e pelo menos há 30 anos em florestas em estágio avançado. acredita-se que a deciduidade natural da floresta tenha sido um fator que provavelmente facilitou a colonização e a permanência da espécie nos estágios mais avançados de regeneração. contrariamente ao que se esperava, não foram encontradas diferenças entre comunidades vegetais invadidas e não invadidas nos três estágios sucessionais. também não foi encontrada relação entre riqueza e diversidade de espécies e diversidade funcional e susceptibilidade à invasão ao longo do gradiente sucessional. para o segundo estudo, realizado entre os meses de maio a setembro, período de frutificação de h. dulcis, em 2012 e em 2013, foi realizada uma caracterização da chegada de propágulos em sítios não invadidos a partir da dispersão a curtas distâncias por aves, e uma avaliação da efetividade de iniciativas de controle de h. dulcis na redução na pressão de propágulos nesses sítios. foram testadas as hipóteses que a dispersão local de sementes a partir de sítios invadidos estaria relacionada à densidade e à distância das fontes de propágulos, e que os padrões de dispersão local seriam alterados quando as fontes de propágulos fossem removidas por meio do corte de árvores. a chegada de sementes levadas por aves foi comparada por meio da instalação de coletores de sementes em sítios não invadidos, que encontravam-se a diferentes distâncias de sítios invadidos por h. dulcis, e comparados entre vegetação aberta e fechada. a chegada de sementes também foi comparada entre parcelas controle e parcelas nas quais foi realizado o corte de árvores de h. dulcis em um raio de 30 m a contar do centro da parcela. foi observada uma limitação na dispersão de sementes por aves a curtas distâncias na área de estudo, especialmente em sítios com vegetação aberta. houve uma relação exponencial negativa entre o número de sementes encontrado nos coletores e a distância de árvores de h. dulcis até os sítios não invadidos onde as parcelas foram instaladas; por outro lado, o número de sementes aumentou exponencialmente em relação à área basal das árvores de h. dulcis amostradas nas adjacências desses sítios não invadidos. o corte de árvores adultas de h. dulcis foi efetivo para reduzir a chegada de propágulos em sítios não invadidos com vegetação fechada, resultando em um menor número de sementes nos coletores em parcelas submetidas ao corte quando comparadas com parcelas controle. por fim, no terceiro estudo, a germinação de sementes e a sobrevivência e o crescimento de plântulas de h. dulcis foram avaliados experimentalmente nos três estágios sucessionais estabelecidos, por 400 dias, entre junho de 2013 e junho de 2014. testou-se a hipótese de que a germinação de sementes e o crescimento e a sobrevivência de plântulas decresceriam ao longo do gradiente sucessional, e que seriam dependentes da cobertura do sub bosque, da umidade do solo e da espessura da serrapilheira. foi também testada a hipótese de que a frequência de herbivoria em plântulas de h. dulcis variaria entre estágios sucessionais. os processos de germinação de sementes e estabelecimento de plântulas de h. dulcis ocorrem nos três estágios sucessionais estudados, o que evidencia que a espécie apresenta tolerância à sombra na fase de plântula, tornando-a uma invasora em potencial mesmo no interior de florestas com menor abertura de dossel. maiores porcentagens de germinação foram observadas em vegetação fechada, enquanto a sobrevivência de plântulas foi maior em vegetação semiaberta, e o crescimento de plântulas foi maior em vegetação aberta. a frequência de herbivoria não variou entre estágios sucessionais. fatores abióticos foram mais importantes do que fatores bióticos na determinação do sucesso de estabelecimento de h. dulcis. foi observada uma relação positiva entre umidade do solo e germinação de sementes, enquanto espessura de serrapilheira influenciou negativamente a germinação de sementes de h. dulcis. a porcentagem de solo exposto influenciou negativamente a sobrevivência de plântulas. considerandose a capacidade de h. dulcis de colonizar e invadir florestas secundárias, especialmente aquelas em estágio intermediário de regeneração, concluise que a condição na qual atualmente se encontram as florestas catarinenses seria o cenário ideal para a invasão pela espécie. a suscetibilidade dessas florestas à invasão por h. dulcis pode ser ainda maior em virtude do plantio difuso da espécie em propriedades rurais para fins diversos, resultando em uma intensa pressão de propágulos em fragmentos florestais. sendo assim, recomenda-se que a utilização da espécie seja proibida em projetos de recuperação e restauração ambiental, assim como seu plantio para qualquer fim em unidades de conservação e em suas zonas de amortecimento. recomenda-se, ainda, que uma distância mínima de plantio de 30 metros de fragmentos florestais deve ser adotada em propriedades rurais, em regiões de domínio de florestas no estado. o uso de espécies nativas em substituição a h. dulcis, por meio de políticas públicas e programas de incentivo, são fundamentais para a conservação dos fragmentos remanescentes da floresta estacional decidual de santa catarina.
Pós-processamento: Índice de Shannon: 1.48615
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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