Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Ciências Agrárias
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Social
Tipo do Documento: Tese
Título: CONSERVAÇÃO, DIVERSIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE VARIEDADES LOCAIS DE MILHO E SEUS PARENTES SILVESTRES NO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA, SUL DO BRASIL
Ano: 2015
Orientador
- JULIANA BERNARDI OGLIARI
Aluno
- NATALIA CAROLINA DE ALMEIDA SILVA
Conteúdo
As informações sobre a atual diversidade de milho do brasil são escassas e a maior parte dos estudos tem se destinado a caracterizar e analisar a diversidade conservada ex situ. pesquisas antecedentes têm demonstrado que a microrregião extremo oeste do estado de santa catarina possui uma importante riqueza de variedades locais de milho conservadas in situ-on farm. com o objetivo de estudar a conservação, diversidade e distribuição de variedades locais de milho dessa região, foi desenvolvida a metodologia denominada censo da diversidade, que permitiu identificar 1.513 variedades locais conservadas por agricultores familiares dos municípios de anchieta e guaraciaba, bem como uma expressiva diversidade fenotípica e de usos, além da presença de parentes silvestres. a maior parte da diversidade foi explicada pelo elevado número de variedades locais de milho pipoca (1.078), conservadas em sua maioria pelas mulheres. diante das lacunas na literatura científica e com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a diversidade de milho da região, foram realizados estudos sobre ocorrência de parentes silvestres da espécie e sobre a conservação e diversidade de milho pipoca. a ocorrência dos parentes silvestres foi caracterizada por meio do conhecimento local, a partir de entrevistas semiestruturas. foi realizada a caracterização fenotípica de cinco populações, com base em 22 descritores morfológicos considerados chaves para a classificação do gênero zea. esta classificação foi validada pela caracterização de knobs cromossômicos de duas populações. dos 305 agricultores entrevistados, 136 manejam ou cultivam populações de teosinto, principalmente para forragem. a semelhança dos resultados da caraterização morfológica e citogenética com as informações reportadas na literatura indicaram que populações de parentes silvestres do milho dessa região de santa catarina pertencem à espécie botânica zea luxurians. a conservação e a diversidade de milho pipoca foram caracterizadas a partir de diferentes abordagens: diagnóstico da diversidade, caracterização da capacidade de expansão, classificação de raças e relações filogenéticas com outras populações das américas. para o diagnóstico da diversidade foi entrevistada uma amostra 244 agricultoras, a partir das quais foram obtidas informações sobre as variedades locais, as estratégias de manejo, as redes de intercâmbio de sementes e os processos de perda de diversidade. foram mapeadas 403 variedades e 27 nomes locais. os valores estimados do índice de diversidade de shannon indicaram que as variedades apresentaram variabilidade quanto às características fenotípicas estudadas. a característica cor de grão foi a base da taxonomia local. foram identificados 16 critérios de seleção, sendo que os três principais foram espigas bonitas, arranjo de fileiras e forma do grão. as redes de intercâmbio de sementes foram caracterizadas como fragmentadas em função da baixa densidade. entretanto, os processos de trocas de sementes ainda permanecem ativos, caracterizados, sobretudo, pelas relações de vizinhança. das causas associadas aos processos de erosão genética, apenas três explicaram 84% das perdas. a diversidade de milho pipoca está associada à dinâmica que as agricultoras estabelecem no manejo de suas variedades e ao seu uso tradicional na alimentação. para caraterização da capacidade de expansão foram avaliadas 85 variedades locais, bem como sua relação com a diversidade fenotípica e valores de usos associados à qualidade gastronômica. o índice de capacidade de expansão foi obtido pela razão entre o volume de pipoca expandida (final) e o volume inicial de grãos (30 ml). foi identificado um grupo de 34 variedades com índice de capacidade de expansão estatisticamente igual ás testemunhas comerciais. em relação à percepção das agriculturas sobre a qualidade gastronômica das variedades as características que apresentaram o maior percentual de indicações foram maciez, rendimento de panela e sabor. as diferentes indicações de usos demonstraram o conhecimento das agricultoras e sua importância na conservação in situ-on farm dos recursos genéticos de milho pipoca. para a classificação de raças foram avaliadas 218 espigas de 70 populações de milho pipoca, coletadas em propriedades de agricultores familiares de ambos os municípios. os dados foram obtidos com base nos descritores do milho para 16 características morfológicas da espiga e do grão. verificou-se que as populações apresentaram variabilidade quanto às características avaliadas, principalmente em relação à cor de grão. as análises de agrupamento e de coordenadas principais, baseadas no índice de gower, permitiram evidenciar a presença de três raças de milho pipoca. para verificar as relações filogenéticas entre populações de milho pipoca foram caracterizadas 67 variedades locais e 162 acessos de milho pipoca do banco de germoplasma de milho do centro internacional de milho e trigo. foram obtidos 6.070 marcadores de polimorfismo de nucleotídeo único pelo método de genotipagem por sequenciamento. as populações analisadas foram agrupadas segundo o padrão geográfico das terras altas da américa do sul, terras baixas da américa do sul, caribe, méxico e américa central. com respeito às populações do extremo oeste de santa catarina, foram identificadas duas origens geográficas: terras altas 38 e baixas da américa do sul. este aspecto é extremamente interessante do ponto de vista da diversidade, considerando a pequena extensão territorial da região estudada, permitindo estabelecer possíveis origens da diversidade de milho pipoca. este estudo colocou em relevância a importância do desenvolvimento de pesquisas voltadas para microrregiões geográficas, permitindo ampliar conhecimento a respeito da diversidade de milho e seus parentes silvestres do brasil. a região do extremo oeste de santa catarina, aqui representada pelos municípios de anchieta e guaraciaba, pode ser indicada como um micro-centro de diversidade de zea mays l., por corresponder a uma área microgeográfica que contempla uma reserva genética da espécie. a identificação de micro-centros de diversidade pode subsidiar de maneira particular regimes de proteção para as variedades locais de milho, sobretudo em relação ao cultivo de milho geneticamente modificado. esta indicação não deve ser esgotada e reduzida ao milho. espera-se que este estudo possa ser usado como referência em outros contextos do brasil e para outras espécies cultivadas.
Pós-processamento: Índice de Shannon: 3.41791
| ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates
3,38%
30,16%
3,85%
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2,93%
3,42%
3,37%
4,79%
4,33%
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